Aurora de Brito trocou Trás-os-Montes por Lisboa aos 12 anos. Veio à boleia de uma tia, irmã da sua mãe, que lhe deu casa e um emprego. Era dela a banca no Mercado de Ourique onde Aurora vende fruta há 68 anos.
Aurora de Brito trocou Trás-os-Montes por Lisboa aos 12 anos. Veio à boleia de uma tia, irmã da sua mãe, que lhe deu casa e um emprego. Era dela a banca no Mercado de Ourique onde Aurora vende fruta há 68 anos.
Ao longo dos anos, o mercado passou por várias transformações, mas, para Aurora, a tradição mantém-se. Diz que o bairro é como uma província no meio da cidade, onde “toda a gente se conhece.” E mesmo que alguns dos seus habitantes se tenham visto obrigados a sair devido ao aumento dos preços das casas, ao fim de semana lá regressam para irem fazer compras ao mercado. Às vezes, há clientes que querem comprar abacaxi, mas não sabem como o arranjar. Aurora diz-lhes para irem fazer o resto das suas compras, e quando voltam, o abacaxi está pronto. É o tipo de serviço que não se encontra em mais lado nenhum.
A qualidade dos produtos também não é a mesma que nos supermercados, onde, numa visita recente, Aurora não se lembra de ter visto uma única fruta de origem portuguesa. Já na sua banca, a fruta é, sempre que possível, comprada a produtores portugueses, excluindo aquelas frutas mais exóticas como a papaia ou o mangostão, que tem de comprar a produtores estrangeiros. Mas são as frutas portuguesas que têm mais saída, principalmente as laranjas, que os clientes “levam às sacadas.”
Texto: Raquel Magalhães
Fotografia: Alice Bracchi